segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Perdoa-me

Perdoa-me o mar que não te dei, o sol que não aumentei
O vento que se esmoreceu
A lua que se apagou.

Perdoa-me os sorrisos falsos
Os lábios rosados
os silêncios apagados

Perdoa-me nunca ter mais
A vida esqueceu
Nós nunca

Serenamente

Serenamente espero as ondas do mar sabendo que as não vejo mais, lustrosas e gigantes, hirtas em movimento iterado, sei que não mas acredito que sim.
Serenamente acordo a esperança da vida, onde sonhos e ilusões serão a realidade dos que sonham e dos que vivem sonhando, sei que não mas acredito que sim.

Serenamente, olho o sol sabendo que não me aquece mais a alma por o olhar mas supondo que os olhos sentem fico olhando, sei que não mas acredito que sim.

Serenamente, espero nas pedras a vinda do tempo apagar-me o rasto pelas pedras pisadas e caminhos passados, sei que sim mas acredito que não.
Queria mais estrelas, o sol mais brilhante, a lua de prata, o chão de cobre, transparecendo a vida com rasgos de luzes em janelas, mais rosais, mais montanhas, mais aves, mais céu sobre as minhas costas, mais dor, mais amor, mais de tudo e tudo tão só. Abrir os braços a tudo, abrir o mundo ao vento, o vento ao mar, o mar à solidão e tão só ser só o que somente só sei ser, nada.

5 Minutos


Esquece o mundo e dá-me
5 minutos de alegria
5 minutos de choro
5minutos de lágrimas de riso
5 minutos de olhos quebrados

Para o mundo que nos persegue, passa por mim e dá-me
5 minutos de amor
5 minutos de ódio
5 minutos de abraços
5 minutos de distância

Quando te esqueceres do sol e da aurora
Dá-me 5 minutos de tudo
e será tudo o que preciso.

Pedaços de Mim

Saudade é o pior momento da nossa existência, quebra-nos os equinócios no olhar, recheando o mar com aquele sal mui próprio de quem não nos vê. Vivo exilado de mim com saudades de ser eu, digo-me, Leva-me para longe de mim, o olhar dóis tanto, Está frio, e o povo chora com saudade de ser gente.

Ao pouco pedaços de mim caem, e fico apenas eu, a saudade é o remédio da ilusão.
Leva o que há de ti, a saudade dói e assim, fico eu comigo.

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Somos 1

O mundo te espera, sorri-te com a malícia da descoberta infantil, uma certa inocência, mui bonita por acaso, hás-de crescer, meu filho, obstáculos passarás, e eu a teu lado, orgulhoso de te ver caminhando, sorridente, ás vezes de cabeça mais baixa, mas sempre erguido aos ventos do mundo.
Quando perguntares quem és, serás sempre mais que um filho de alguém, és a verdade do ser, és uma aurora e uma força desafiante da gravidade.

Quando, velinho, te lembrares de quem foste, seremos, como sempre fomos, um, tu e eu, juntos, pelo teu caminho à eternidade.

Mar

Chamas-me, como se tu fosses minha, eternamente minha, viva em mim, possessa em meus cabelos, segue-me, por favor segue-me, deixa-me surpreender te com a dor de estar não mais juntos, pinta-me, deixa-me pintar te de sentimentos, iluminar te de esperança, cheirar te a paz.
Vem ver o que não vês daí, deixa tudo, larga todos, liga-te a mim, num círculo sem fim, numa esperança não mais vã.
Nunca ouvirás o lobo sobre a lua azul se ficares desse lado, só o vais conseguir se vieres, se largares.

Como tudo, nada se move, e o mar estará eternamente lá, esperando que eu vá ter com ele.
Quantas lágrimas eu chorei, para que fosses meu, ó már!

terça-feira, 17 de janeiro de 2012

God Help the Outcasts


Ouves-me senhor, longe do mundo, longe de mim, sei quem sou mas preciso de ti.
Ajuda-me, perdido, esquecido, agarro-me a ti, longe de todos nem perto de ti.
Peço perdão por todas as ingloriosas vitórias,
Amores que sofrem, venham de longe e apartem-se de perto,
Ouve-me, quem os ouve, senão quem sofre também assim,
Corações vagubundos, só pedem perdão,
Choro, lágrimas, abraços sentidos,
Estamos longe do mundo, esperamos por ti,
Venho de longe, protege quem não esqueci,
Se ninguém me ouve, só o silêncio espero de ti.

Longe do mundo, perto de mim.

Filhos da Manhã

O amanhecer prossegue o anoitecer, ilumina a noite, apaga o silêncio, enche a vida.
Vamos construir, juntos, um lugar melhor, um mar de sorrisos, um céu de lágrimas cintilantes, foge comigo, amar te será lei, está comigo, Vês aquela luz branca e indefinível?, Sim, És tu.

Na solidão, juntos, em todas as ilhas, em todas as luzes, por todos os países, em todas as palavras, eu sei, que juntos somos mais, cúmplices eternos, navegantes errantes do mundo, luz,

Amanheceu,

E em cada ilha está o seu dono, e nada mais.

Como desenhar um círculo perfeito?


O sol nasce e queima a terra inteira, é o círculo da vida, a luz faz crescer o que nos encarregamos de eternizar no esquecimento da morte, e a selva ao longe cacareja bafos de vida, e a cidade muda assiste. Animais correm alegres e vivos enquanto as pessoas, tristes e cabisbaixas, vagueiam os olhos pelas negras pedras da calçada.
De dia em dia, há sempre um novo olhar, mas o tempo é tão pouco, há tantas coisas à espera, mas o tempo é tão pouco, há o sol a brilhar, mas o tempo é tão pouco e nós somos tanto tempo.
Fé, Amor, Ódio, Solidão, Raiva, tudo para encontrar o meu caminho, tudo para não ser mais só.
Quero ser só comigo.

segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Espelho Quebrado

Viu-se o espelho e este a respondeu com vagas visões ilusórias, e o vento passa, e ela mira-o em busca do espelho de si mesmo, a verdade verdadeira da sua busca incessante pelo eu, Que eu?.
Mágoas, sonhos, risos e choros firmes e tristes, amargurados esperançosos.
Os teus olhos vêem?, e a rapariga riu-se para o espelho e apenas disse, Os meus olhos só me querem olhar.

Tarde

Nesta tarde nos tocámos sem sequer nos miramos, tu longe e eu perto, o mar testemunha e a lua visão, iluminados de raiva, corpos ofegantes se afastam, lentos, calmos e surpreendentes.
Nesta tarde, o sol amanheceu em todas as noites, iluminou dias e recheou auroras, cresceu e abraçou a lua em gritos espumantes de glória.
Nesta tarde, o sol viu mas a luz foi nossa.

sábado, 14 de janeiro de 2012

Para além de nós nos mesmos arvoredos

Para além de nós, neste arvoredos onde te desnudo, existe o mar e o além, sonho e o desdém, existimos nós e apenas o nosso mundo.
E aqui estamos juntos, unidos pelas palmas das mãos apartadas num sopro leve de desejo, apartados desde sempre e agora e aqui juntos, unidos por muito mais do que os pontos em que os corpos se encontram, estamos onde a alma se entrelaça.
Nós de nós, por mais que puxemos para longe, mais juntos ficamos no perto.

sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

E No Principio...

E num principio tudo era nada e nada era tanto, espelhos de almas imperfeitas, completas no expoente da sua própria vida, nem brisas leves nem fogos ardentes nos reviravam os olhos, nem madeixas coloridas nem fragâncias obscenas, tudo era tão calma e era tão tudo.
Num princípio que não esta, o mundo principia-se em sons de aves esvoaçando pelos céus em migrações constantes, as calçadas, ainda existentes, silenciavam-se e o sono era eterno de eternidade.
No princípio, a alma é viscerada por sim própria, perene na ideia abstracta de renegar o absolutismo lógico da essência das coisas, a filosofia é isto, a decadência consciente da insconsciência, renegar a vida e o pensamento, fingindo pensar-se.
Contemplai, aqui é o princípio do CinzaDaMente!