Dê-mos voz aos mudos, o silêncio a quem se cala, a morte a quem vive e a vida a quem morre, num desespero tal de inversão da regularidade banal das coisas, que tornemos toda a lógica atormentadora, por ilusões e fracassos vários de mentes deturpados, percamos os valores que nos orgulham, os egos que nos sobreelevam a pele, vamos ganhar a pobreza da humildade, a mentira da verdade, a sorte da derrota e o desprezo da humilhação, faz sentido, afinal fazer sentido é ser exactamente o não sentido de existir, ser verdadeiro é ser mentira num futuro distante e ter razão é ninguém desconfiar de alternativas erróneas num determinado momento, espamos, o que nos mantém aqui satisfeitos na terra que nos viu nascer é exactamente a alegria, o gozo que nos dá, deturpar a razão e mentir, afinal,
A mentira surge da invenção da verdade,
O inverso surge de um certo,
E nós criamos o que quisermos,
Senhores da Ilusão
Em todas as ruas a felicidade, em todas as brechas esperança
Enquanto subsistirmos, a beleza nascerá nos reconditos negros da humanidade,
Fecha os olhos e verás,
Senhores da Escuridão.
Enquanto as flores se erguem do nada, os homens da virtude alheia,
A perfeição do imperfeito e a mentira da verdade,
Dá-me a mão e esquece-me
Senhoras da Solidão
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